quinta-feira, 15 de julho de 2010


EGO E O ID

Estritamente falando a partir do ponto de vista fenomenológico, qualquer elemento mental que em determinado momento não pertença à consciência, há que ser considerado fora da consciência e portanto, inconsciente. Contudo, do ponto de vista psicanalítico, a palavra inconsciente se reveste de um significado muito mais específico, já que não se refere, apenas, ao fato de determinados elementos, em determinado momento não estarem presentes na consciência e sim, a par dessa circunstância, que os tais elementos não são acessíveis à consciência, pois para que se tornem conscientes, um esforço muito especial há que ser feito. Por isso mesmo, veremos que os elementos mentais não-conscientes podem ser divididos em dois grupos: 1- elementos inconscientes, ou seja, aqueles que não são acessíveis à consciência ou o são depois de muitas dificuldades e 2- elementos pré-conscientes, que são aqueles que não sendo conscientes no momento em que se intenta a sua recuperação, acabam por se tornar conscientes em função de um ato concentrado de atenção.
Com base na obra de Freud volume XIX diz que: todo o nosso conhecimento está invariavelmente ligado a consciência. Só podemos conhecer o Inconsciente tornando-o consciente. Freud ainda assinala que é nas lacunas das manifestações conscientes que temos de procurar o caminho do inconsciente. A consciência é a superfície do aparelho mental podendo se dizer que é o primeiro sistema a ser atingido a partir do mundo externo não apenas no sentido funcional, mas também no sentido de dessecção anatômica. Todas as percepções sensoriais recebidas de dentro e de fora são conscientes desde o início. A diferença real entre uma idéia inconsciente é uma idéia pré-consciente consiste que a primeira é efetuada em algum material que permanece desconhecido, enquanto que a idéia de pré-consciente é colocada em vinculação com representações verbais que são resíduos de lembranças que foram antes percepções e como todos os resíduos mnêmicos podem tornar-se conscientes. Pensamos nos resíduos mnêmicos como se estivessem contidos em sistemas que são diretamente adjacentes ao sistema Pcpt-Cs de modo que as catexias desses resíduos podem se estender, de dentro, para os elementos do último sistema.
Os resíduos verbais derivam primariamente das percepções auditivas de maneira que o sistema Pcs possui uma fonte sensória especial. Em essência, uma palavra é, em última análise o resíduo mnêmico de uma palavra que foi ouvida. Não podemos esquecer também a importância dos resíduos mnêmicos ópticos, quando são de coisas ou a negar que seja possível o processo de pensamentos tornarem-se consciente mediante uma reversão a resíduos visuais. Portanto, esta é a maneira pela qual algo que é, em si próprio, inconsciente, se tornar pré-consciente.
A relação das percepções externas com o ego é bastante perspícua, enquanto que as das percepções internas e, o mesmo exige, uma investigação especial, pois produzem sensações de processo que surgem nos mais diversos ,e, certamente nos mais profundos estratos do aparelho mental. No entanto, apenas se conhece e muito pouco sobre essas sensações e sentimentos os que pertencem à série prazer-desprazer. As sensações de natureza prazerosa não tem nada de inerentemente impelente nelas, enquanto que as desprazerosas o têm no mais alto grau. A experiência clínica nos tem demonstrado que deve ser transmitidos primeiro o sistema perceptivo para tornar-se consciente. Todavia, a diferença é que, enquanto que com as idéias Isc. devem ser criados vínculos de ligação antes que elas possam serem trazidas para o Cs, com os pensamentos que são transmitidos diretamente, isto não ocorre. Consciente e Pré-consciente não tem significado no que concerne a sentimento o Pcs é posto de lado e os sentimentos são ou consciente ou inconsciente.
Georg Groddeck, insiste em dizer que aquilo que chamamos de nosso ego comporta-se essencialmente de modo passivo na vida e que, como ele o expressa nós somos “vividos” por forças desconhecíveis e incontroláveis. No entanto, Freud propõe chamar a entidade que tem início no sistema Pcpt. e começa por ser Pcs. de “EGO”, e a outra parte da mente que se estende e se comporta como se fosse Ics., de “ID.”
O Ego procura aplicar a influência do mundo externo ao id, e às tendências deste, e esforça-se por substituir o princípio de prazer, que reina irresistivelmente, no id, pelo princípio de realidade. Para o ego, a percepção desempenha o papel que do id cabe ao instinto.O ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o id, que contém paixões.O ego tem o hábito de transformar em ação a vontade do id, como se fosse sua própria.. O ego recalcado se dilui também no id, e é uma parte dele tendo em vista que foi modificada diretamente do mundo externo. Podemos dizer em última análise que o ego deriva das sensações corporais, principalmente das que se originam da superfície do corpo. Ele pode ser assim encarado como uma projeção mental da superfície do corpo, além de, como vimos acima, representar as superfícies do aparelho mental.

Gicileide Ferreira

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