segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

PREFÁCIO A JUVENTUDE DESORIENTADA , DE AICHHORN

PREFÁCIO A JUVENTUDE DESORIENTADA , DE AICHHORN

Sigmund Freud foi um intelectual que aliava a parte teórica à prática. Escritor compulsivo e extremamente produtivo, foi colocando suas teorias num estilo próprio e característico, em estilo científico, mas sem exagerar nas citações a outros pensadores e cientistas.

S. Freud nasceu em 06 de maio de 1856 na Checoslováquia, de origem judaica. Aos 8 anos já lia Shakespeare e, na adolescência uma conferência, cujo tema era o ensaio de Goethe sobre a natureza ficou profundamente impressionado. Trocou a faculdade de Direito pela Medicina e interessou-se pela área de pesquisas. Iniciou seu trabalho sobre o sistema nervoso central, publicou vários artigos sobre cocaína. Especializou-se em doenças nervosas e criou interesse pela "histeria" e pela hipnoterapia praticada na época por Breuer Charcot. Os dois , trabalhando juntos publicaram "Estudos sobre a Histeria" e na mesma época Freud conseguiu analisar um sonho seu que ficou conhecido como "O Sonho da Injeção feita em Irma", rascunhou "Projeto para uma psicologia Científica" somente publicada após sua morte.O termo psicanálise (associação livre) , foi iniciado por ele após passar por um trauma com a morte de seu pai e começou com seu amigo WILHELM FLIESS .
"A Interpretação de Sonhos" que Freud considerava um de seus melhores livros foi publicado para ser projetado no inicio do novo século, XX. Foi bastante hostilizado por seus colegas médicos, trabalhando em total isolamento. Deu inicio a análise de Dora , sua paciente e escreveu Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana, " publicando em 1901. Escreveu "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, "Os Chistes e sua relação com o Inconsciente, " "Fragmento da análise de um caso de Histeria"; (neurose) Teve alguns seguidores como Alfred Adler, Carl Jung, que depois separaram-se de Freud e criaram suas próprias escolas, discordando da ênfase que Freud dava à origem sexual da neurose.(nervosismo, irritabilidade, excitação) Durante a Segunda Guerra Mundial Freud foi para a Inglaterra, mas suas irmãs foram assassinadas em campos de concentração. Freud ainda escreveu "Conferências Introdutórias sobre Psicanálise e há vários volumes da "Coletânea das Obras de Sigmund Freud, que entre outros temas, abrangia a teoria do trauma do nascimento.
Freud é considerado o PAI DA PSICANÁLISE, onde o paciente, vai com ou sem hipnose, lembrando-se de seus traumas, durante a vida e libertando-se de seus sofrimentos e atitudes de irritabilidade, histeria etc....É muito utilizado hoje em dia, por psicólogos e até os novos parapsicólogos, que estão surgindo, usam também em grande escala a hipnose para recordações de vidas anteriores. Freud lutou por muitos anos contra um câncer na boca e morreu por eutanásia ( EUTANÁSIA - SEUS ÚLTIMOS DIAS, por Peter Gay) em 23 de setembro de 1939 com grande influência na cultura do século XX. É de grande importância o estudo de Freud por psicólogos, psicanalistas e parapsicólogos, pelo estudo e entendimento para ajudar os pacientes do nascer e do passado-presente-futuro a fim de se manter e entender os meandros da vida emocional.
Pesquisa: Bibliografia: !A Vida e Obra de Sigmund Freud " por Ernest Jones


As obras de Freud
Estudos sobre a histeria (com Josef Breuer, título original Studien über Hysterie, 1895) recebesse a aclamação.
A interpretaçõo dos sonhos (título original Die Traumdeutung, 1900) para que o psicanalista consiga montar um modelo da estrutura do inconsciente daquela pessoa..
Sobre a psicopatologia da vida cotidiana (Título original Zur Psychopathologie des Alltagslebens, 1901) Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (título original Drei Abhandlungen zur Sexualtheorie, 1905)
Os chistes e a sua relação com o inconsciente (título original Der Witz und seine Beziehung zum Unbewußten, 1905).
Totem e Tabu (título original Totem und Tabu, 1913)
Além do princípio do prazer (título original Jenseits des Lustprinzips, 1920)
O Ego e o Id (título original Das Ich und das Es, 1923)
O mal-estar na civilização (título original Das Unbehagen in der Kultur, 1930)
Moisés e monoteísmo (título original Der Mann Moses und die monotheistische Religion, 1939) Fonte: Instituto Luzes de desenvolvimento humano
Obra resenhada

Para Freud, nenhuma das aplicações da psicanálise excitou tanto interesse e despertou tantas esperanças e atraiu tantos colaboradores capazes, quanto seu emprego na teoria e prática da educação. É fácil compreender por quê, as crianças se tornaram o tema principal da pesquisa psicanalítica e substituindo, os neuróticos com os quais ela iniciou seus estudos. A análise demonstrou como a criança continua a viver, quase inalterada, no doente, lançou luz sobre as forças motivadoras e tendências que estampam seu selo característico sobre a natureza infantil e traçou os estádios através dos quais a criança chega à maturidade. Não é de admirar, portanto, que tenha surgido a expectativa de que o interesse psicanalítico nas crianças beneficiaria o trabalho da educação, cujo objetivo é orientar e assistir as crianças s em seu caminho para diante e protegê-las de se extraviarem.

Segundo o autor, ele menciona que sua cota pessoal na aplicação da psicanálise foi leve. Em um primeiro estádio, diz ele - aceitei o bon mot que estabelece existirem três profissões impossíveis - educar, curar e governar – eu já estava inteiramente ocupado com a segunda delas. Isto, contudo, não significa que desprezo o alto valor social do trabalho realizado por aqueles de meus amigos que se empenham na educação.

O presente volume da autoria de August Aichhorn interessa-se por um setor do grande problema: a influência educacional de delinqüentes juvenis. O autor trabalhou como diretor de instituições municipais para deliquentes, antes de ter-se familiarizado com a psicanálise. Sua atitude para com seus encargos origina-se de uma cálida simpatia com a sorte desses infelizes e foi corretamente guiada por uma percepção intuitiva de suas necessidades mentais. A psicanálise praticamente pouco pôde ensinar-lhe algo que fosse novo, porém lhe trouxe uma clara compreensão interna ( insight ) teórica da justificativa de seu modo de agir e colocou-o em posição de explicar seu fundamento a outras pessoas.

Para o autor, não se deve presumir que esse dom de compreensão intuitiva seja encontrado em todos aqueles que se interessaram pela educação de crianças. Segundo ele, duas lições se pode derivar da experiência e do sucesso de August Aichhorn. Uma é que toda pessoa desse tipo deveria receber uma formação psicanalítica

A segunda lição. Afirma-se no sentido de que o trabalho da educação é algo sui generis: não deve ser confundido com a influência psicanalítica e não pode ser substituído por ela. A psicanálise pode ser convocada pela educação como meio auxiliar de lidar com uma criança, porém não constitui um substituto apropriado para a educação. Tal substituição não só é possível em fundamentos práticos côo também deve ser desaconselhada por razões teóricas.
Não devemos deixar-nos desorientar pela afirmação - incidentalmente uma afirmação perfeitamente verídica - de que a psicanálise de um neurótico adulto é equivalente a uma pós-educação. Uma criança, mesmo uma criança desorientada e delinqüente, ainda não é um neurótico, e a pós-educação é algo inteiramente diferente da educação dos imaturos. A possibilidade de influência analítica repousa em precondições bastante definidas, que podem ser resumidas sob a expressão ‘situação analítica’; ela exige o desenvolvimento de determinadas estruturas psíquicas e de uma atitude específica para com o analista..
O autor encerra com uma inferência, importante não para a teoria da educação, mas para a condição daqueles que estão empenhados na educação. Se um deles aprendeu a análise por experimentá-la em sua própria pessoa, e está em posição de poder empregá-la em casos fronteiriços e mistos, a fim de auxiliá-lo em seu trabalho, obviamente deverá ter o direito de praticar a análise; e não se deve permitir que motivos mesquinhos tentem colocar obstáculos em seu caminho.

Apreciação da resenha

Freud, se refere a três profissões consideradas para ele como impossíveis: governar, educar e curar. Essas profissões representam na teoria freudiana, diferentes maneiras de fazer laço, diferentes maneiras de tentar contornar o impossível.
Petri (2003) nos lembra que o laço é um nó que se desata sem esforço. Temos assim, que os laços sociais que os discursos tentam articular são provisórios, frágeis, incapazes de amarrar todo o real presente. Com efeito, todas essas modalidades de laço carregam em si algo do real, pois sempre haverá uma perda, sempre haverá um mal-estar, sempre haverá um mal-entendido; algo do impossível de ser todo representado. Sendo assim, afirmar que analisar é uma tarefa impossível é partir de uma referência importante: sempre haverá alguma espécie de fracasso nessa forma de laço.
Todavia, a questão do fracasso inerente a toda e qualquer tentativa de produzir enlaçamento, vai adquirir uma posição especial na forma de laço inaugurada pela psicanálise. Freud atribui a dificuldade dessas três missões – educar, curar e governar – obterem êxito pleno ao fato de que, por lidarem com o ser humano, estão vinculadas a forças pulsivas e sócio ‐ culturais, o que torna impossível atingir plenamente os objetivos idealmente desejáveis.

Freud acreditava já naquela época, que a Educação não tem cumprido sua tarefa, causando às crianças graves prejuízos. Mesmo sabendo que o educador tinha necessidade de receber uma formação em Psicanálise. Freud reconhece que "a educação não deve ser confundida com a influência psicanalítica e não pode ser substituída por ela".

Referência Bibliográfica
FREUD, S. Prefácio a "Juventude desorientada" de Aichhom In: SALOMÃO, J. (Edit.) Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, Rio de Janeiro:
Imago, 1976, v.19.

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