sábado, 16 de abril de 2011

Psicanálise e Educação

Sigmund Freud: Psicanálise e Educação
Introdução

Sigmund Freud contribuiu com a ciência do século XIX, com a psicanálise. Ou seja, área de conhecimento que abrangia o estudo do inconsciente humano, a fim de entender as doenças mentais e futuramente até o próprio homem. Nessa perspectiva, a contribuição de Freud foi de fundamental importância para o campo científico, haja vista que, agora a mente humana se tornou alvo de estudos e principalmente, graças às conclusões freudianas, o entendimento do funcionamento biológico dos seres humanos ficou mais completo, devido a não separação entre o corpo e a mente. Fato esse que não acontecia nas ciências biológicas nesse período.
Pois bem, a teoria psicanalítica, não ficou somente presa ao âmbito da medicina e das ciências biológicas, pelo contrário, Freud buscou desde a fundamentação de sua teoria, relacionar o pensamento filosófico ao pensamento neurológico, ampliando as suas fontes de conhecimento em grandes campos do saber.
Porem, para se entender o Dr. Sigmund Freud, temos que primeiramente buscar na sua história e analisar todo o caminho percorrido por ele, até se tornar o pai da psicanálise. Um caminho longo é verdade, mas, não tão longo como os próprios caminhos que a teoria freudiana percorreu e ainda percorre por todos os cantos do mundo, em conferências, seminários, debates, palestras, pesquisas; enfim, dentro e fora das academias o pensamento freudiano se encontra vivo, justamente porque foi somente ele que teve a coragem de levar pra dentro dos círculos intelectuais de uma Europa mergulhada na Era Vitoriana, a questão da sexualidade em todos os seus sentidos e principalmente cogitar a influencia que os instintos sexuais atuam em nossos problemas, angústias, sonhos e comportamentos.
Até na própria educação e moralidade a teoria psicanalista buscou formular interpretações, problematizando assim o excesso de poder e de repressão que o processo educacional atua nos indivíduos, levantando a hipótese de que várias histerias que acontecem em nossa civilização estão ligadas aos tempos em que a criança está desenvolvendo um processo de aprendizagem e de interação social. Freud não escreveu muito sobre a influência da psicanálise na educação e até chegou a afirmar que educar é uma tarefa impossível devido à subjetividade inconsciente de cada pessoa.


Freud: Psicanálise e Educação

Sigmund Freud, nasceu em 1856 em Frieberg, território pertencente à Áustria, e que atualmente está anexado a Tchecoslováquia. Filho de família judaica, Freud aos 4 anos muda-se para Viena e lá vai passar a maior parte de sua vida, somente aos 82 anos que ele vai morar em Londres e lá que aos 82 anos morre.
A vida colegial foi um marco fundamental para a vida de Freud, ora, desde novo que devido ao seu alto grau de inteligência, as expectativas depositadas no futuro desse garoto foi muito grande, não só pelos seus familiares, como também pelo próprio Freud, onde ele mesmo reconhecia a sua sapiência e consagrava os seus estudos como uma forma de não cair em uma mediocridade intelectual no futuro, justamente por isso que ele dedicava-se aos estudos antes, durante e depois do tempo em que ia escola.
A educação foi fundamental para a vida do jovem Sigmund Freud, além de seu gosto pelos estudos, ele também tinha em sua mente que somente por esse caminho que uma pessoa pertencente a uma família de recursos econômicos pequenos poderia ascender socialmente e culturalmente, a fim de freqüentar os grandes círculos sociais vienenses.
Ao se formar em medicina, se especializou em doenças mentais, onde atuou como neurologista estando em um campo onde a clientela sofria as chamadas doenças nervosas – psicoses, neuroses, esquizofrenia, e histerias. Nessa época os tratamentos estavam centrados em eletroterapia, massagens, hidroterapia ou até mesmo a hipnose. Diga-se de passagem, que é válido destacar essa ultima forma de tratamento, uma vez que, foi a que Freud mais adotou, antes da criação da psicanálise.
Dr. Freud se destacou muito dos demais profissionais de sua área, devido à notória preocupação em além de descrever e classificar os sintomas que estava os seus pacientes, buscava também as causas reais de tais enfermidades. Atuando assim como um arqueólogo da mente em suas consultas, sempre anotando e estudando essas doenças.
Com isso, ele destacou os seguintes pontos iniciais nesses estudos sistemáticos sobre a mente humana:

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Existe uma relação entre o trauma (fato desencadeante) e os sintomas, embora o paciente na maioria das vezes não se lembre desses traumas na maioria das vezes (por isso que ele usou muito da hipnose em seus tratamentos).
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O fator desencadeante teria sido reprimido pela pessoa e afastado da consciência, devido à natureza insuportável do trauma.
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A vida sexual geralmente está presente em tais traumas, devido a impossibilidade de se descarregar idéias de conteúdo sexual pelo diálogo constante, uma vez que há uma repressão social muito grande a respeito de certos assuntos.
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O ego expulsa alguns assuntos insuportáveis para fora da consciência, a fim de proteger o aparelho psíquico de perturbações perigosas à integridade.

Nesse contexto, é valido destacar algum espaço sobre a questão da moralidade transmitida pela educação (na época em que Freud foi contemporâneo, ele presenciou uma Europa totalmente inseria na era Vitoriana), pela noção de pecado e de vergonha reprimia por demais a sexualidade, logo, Freud achava que alguns distúrbios da sexualidade resultavam dessa atuação rígida da moral.
É importante dizer que, Freud não pregava a idéia de uma barbárie da moral, mas ele problematizava a questão do excesso de moralidade e os seus efeitos psicológicos humanos, nesse contexto, ele aceitava a idéia que, na própria busca de prazer que está inerente a qualquer ser humano está também o próprio desprazer, ou seja, o ser humano já possui um recalque natural em suas estruturas mentais que busca um controle natural sobre o comportamento humano, ou seja, esse recalque por si só, já mantém o homem como um indivíduo cultural, assim o homem além de preservar os seus instintos sexuais naturais ele também irá preservar os seus instintos culturais (comunicação, coletividade, crença etc.). Logo podemos afirmar que a teoria freudiana problematizava não a moralidade, mas o excesso do recalque provocado pela própria moral, que iria somar ao desprazer natural do homem, tornando a sociedade humana totalmente impregnada de valores éticos e morais, suprimindo assim os instintos naturais.
Pois bem, quando Freud desenvolveu a Psicanálise, ou seja, uma teoria do funcionamento da mente humana e um método exploratório de sua estrutura, destinado a tratar os comportamentos compulsivos e muitas doenças de natureza psicológica supostamente sem motivação orgânica.
Nessa ocasião interessou-se pelo caso de uma paciente, relatado por Josef Breuer, um especialista em doenças nervosas a quem devotou grande respeito. A paciente de Breuer, Bertha Pappenheim, - na ficha médica "Fraulein Anna 0." -, de 21 anos, era depressiva e hipocondríaca (um quadro na época denominado "histeria"); ela se acreditava paralítica em algumas ocasiões, ou não conseguia beber água mesmo estando com sede, e se sentia incapaz de falar seu próprio idioma, o alemão, recorrendo ao francês ou inglês para se comunicar. Breuer submeteu-a a hipnose e ela relatou casos de sua infância, e essa recordação fazia que se sentisse bem após o transe hipnótico. O médico, Joseph Breuer aceitou partilhar com Freud o seu método terapêutico que designou "catarsis" e que consistia em levar o paciente a recordar, pela hipnose ou por conversação, o trauma psicológico sofrido, uma descarga emocional que conduzia à cura.

Além do caso da senhora Fraulein Anna O. vale ressaltar também mais dois casos que Freud teve grande interesse, o primeiro foi o caso de Lucy R. e o outro foi o da senhora Elizabeth Von R.

Lucy R. é uma governanta que trabalhava na casa de um empresário vienense, e que sofria de alucinações olfativas acompanhadas de depressão. O cheiro alucinado era o de um charuto. Através de um trabalho de investigação, que Freud comparava com o de um arqueólogo, ela foi desenterrando “camadas” – episódios traumáticos auxiliares, até chegar ao momento traumático real. Tratava-se de uma cena ocorrida durante o jantar da família, quando foi severamente repreendida por seu patrão, ocasião em que ele fumava um charuto. Tal episódio constituiu-se em algo traumático porque a governanta apaixonara-se pelo patrão e se acreditava correspondida, fato que a cena desmentira.

Elisabeth Von R. queixava-se de dores nas pernas e de dificuldades para andar. As causas de suas dores histéricas são encontradas em uma situação de conflito: tomava conta do pai enfermo, e, uma noite, saíra para uma reunião onde provavelmente encontraria a pessoa por quem estava profundamente interessada. Isso efetivamente se deu, mas ao voltar para casa o estado do pai tinha-se agravado profundamente. O contraste entre a alegria de ter estado com a pessoa desejada e a piora do pai constituiu uma situação de incompatibilidade, um conflito.

Kupfer, M.C, p. 35-36 (3ª edição).

Devido a tais experiências, Freud consegue concluir que muito dos traumas de seus pacientes foram ligados a repressão da idéia erótica devido a ligação que em determinado momento, algum fato relacionado com a sexualidade entrara em conflito com outra situação traumática, ou seja, a emoção ligada aquela idéia erótica se transformou em uma ferramenta para a intensificação de uma dor física ou alguma alucinação que se achava simultaneamente presente. Essa situação ficou definida para Freud como um mecanismo de defesa, ou seja, processos subconscientes que permitem a mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência.
Freud, entre os anos de 1892 e 1895, gradualmente desistiu da hipnose, que substituiu pelo divã, não mais utilizado para hipnotizar, mas para que o paciente, em uma posição confortável, fizesse um esforço para lembrar os traumas que estariam na origem de seus problemas. Com o paciente relaxado, Freud conduzia uma livre associação de idéias, através da qual terminava por encontrar lembranças "recalcadas" pelo paciente, e que eram a causa de seus distúrbios. Formulou então o principio de que os sintomas histéricos têm origem na energia dos processos mentais os quais, impedidos de influenciar a consciência, são desviadas para a inervação do corpo e convertidos nesses sintomas. Devido à natureza das experiências traumáticas recordadas pelos pacientes, ficou convencido de que o sexo tinha parte dominante na etiologia das neuroses. Logo passou a considerar o desejo sexual como motivação praticamente única do comportamento humano, quer direta, quer indiretamente.
No entanto, as afirmações de Freud escandalizavam cada vez mais o meio médico vienense. O principal motivo do escândalo era o modo desenvolto como Freud divulgava seu pensamento ainda mal acabado sobre o problema sexual das crianças, que ele afirmava serem sujeitas a desejo sexual e que o objeto desse desejo freqüentemente eram os próprios pais. Além do complexo de Édipo, em que o filho deseja sexualmente a mãe, Freud admitiu também o Complexo de Eletra, como a inveja que a menina tem do pênis do menino, e chamou a criança de um "perverso polimorfo".
Freud efetivamente argumentou que o comportamento humano obedece ao instinto sexual e ao instinto de conservação e que os motivos sexuais, se não são claros, estão sublimados em um motivo aparente. Sua teoria esta bastante conforme ao pensamento metafísico de Schopenhauer de que uma Vontade universal, soberana e cega, deseja a sobrevivência da espécie e se traduz no sexo, e também a sobrevivência individual, e se traduz no instinto de conservação.
Assim. Além da sexualidade em si, ser o alvo de estudo do Dr. Freud, é válido destacar que nesse bojo estava um local de singular destaque para a sexualidade infantil. Ou seja, a sexualidade em si, não surgia na época da puberdade de uma pessoa, mas ela já esta presente na vida infantil, como uma preparação à sexualidade adulta, alguns atos que as crianças protagonizam como a observação das partes genitais (tanto próprias, como as de seus amigos), a manipulação de suas partes sexuais, o exibicionismo, a sucção do dedo polegar, a própria defecação, são pequenos gestos que no futuro será denominado pela genitalidade, seja com fins orgásticos, seja com fins de procriação.
Foi dentro do quadro da sexualidade infantil, que a teoria freudiana se focou para entender a sexualidade em si, os problemas que a repressão à pequenas ações que representam a sexualidade infantil, podem causar na vida adulta, e também os problemas que podem acarretar com a permanências de algumas perversões sexuais infantis, quando não há o domínio dessas pela genitalidade.


Cada um desses atos, Freud chama de pulsões parciais: pulsão oral, no caso do prazer de sucção; anal. No caso da defecação; escópica, no caso do olhar.
Assim, Freud revela que a pulsão sexual, tal como a vemos em ação de um adulto, é na verdade composta daquelas pulsões parciais, cuja ação se observa nas preliminares de qualquer ato sexual. Antes do advento e do domínio do interesse genital, tais pulsões parciais são vividas livremente pela criança, cujo interesse pela questão genital – pela cópula propriamente dita – ainda não foi despertado.

KUPFER, M.C p. 41.(3ª edição).

Bem, nessa perspectiva é importante salientar a questão da repressão aos atos que correspondem à sexualidade infantil, a sublimação e a educação sexual infantil tendo em vista o próprio educador. Como foi dito, reprimir moralmente algumas praticas relacionada à sexualidade pode acarretar vários problemas de origem psicológicas, pois bem, alem de diagnosticar essa forma de problema, Freud, também destacou a substituição de um ato sexual em um ato não-sexual, chama-se isso de sublimação, ou seja, a dessexualização do ato. Em outras palavras, Freud deseja em transferir a energia derivada de um desejo libidinoso em uma outra ação não relacionada à sexualidade, por exemplo, tendo em vista a pulsão anal, em certos momentos, ocorre na criança uma curiosidade sobre o material que é expelido da sua região anal – as fezes. É natural que muitas dessas crianças manifestem o desejo de manipular essas fezes, porém com absoluta certeza elas serão reprimidas pelos seus pais, porém além de reprimir essa ação, seria mais racional, transferir o desejo em manusear as fezes pelo manuseio da argila, acarretando assim um incentivo a praticas artísticas na criança. É nessa e em outras vertentes que o processo de sublimação vai atuar na criança, satisfazendo assim as suas necessidades e ao mesmo tempo atuando como forma educativa. Dando continuidade a tal raciocínio, Freud buscou relacionar a sexualidade com a educação com o intuito de focalizar a psicanálise como uma ferramenta estimuladora de praticas artísticas e intelectuais, tendo em vista também a supressão dos processos de repressão moral das pulsões sexuais no ambiente escolar e social.
A teoria freudiana está totalmente sustentada na estrutura da mente que concebemos por inconsciente, uma vez que, ele atribuía que as causas de certos sintomas ou de nossas ações estão dentro do inconsciente humano, pois é nesse local que está o conflito entre o superego e o id. O modo como se resolve esses conflitos estão manifestados em nosso ego, que atua como uma estrutura apaziguadora entre os impulsos natural e a conduta moral de um indivíduo. Exemplo pode-se atribuir o medo a insetos, como uma forma disfarçada da manifestação do temor a ladrões.
Quando Freud buscou conhecer o inconsciente humano ele constatou a grande importância que os atos falhos e os sonhos tinham para o entendimento de uma pessoa, pois como a própria teoria freudiana explica, o homem não é senhor de sua mente, ou seja, não reinamos sobre nossas vontades, e sim somos passivos aos conflitos em nosso subconsciente, uma vez que, os resultados de tais conflitos resultam em nosso comportamento.

Estrutura tripartite da mente.

Freud buscou inspiração na cultura Grega, pois a doutrina platônica com certeza o impressionou em seu curso de Filosofia. As partes da alma de Platão correspondem ao Id, o Superego e o Ego da sua teoria das partes ou órgãos da mente (1923 - "O Ego e o Id").

Id - Freud buscou funções físicas para as partes da mente. O Id, regido pelo "princípio do prazer", tinha a função de descarregar as tensões biológicas. Corresponde à alma concupiscente, do esquema platônico: é a reserva inconsciente dos desejos e impulsos de origem genética e voltados para a preservação e propagação da vida.


Ego - lida com a estimulação que vem tanto da própria mente como do mundo exterior. Racionaliza em favor do Id, mas é governado pelo "princípio de realidade". É a parte racional da alma, no esquema platônico. É parte perceptiva e a inteligência que devem, no adulto normal, conduzir todo o comportamento e satisfazer simultaneamente as exigências do Id e do Superego através de compromissos entre essas duas partes, sem que a pessoa se volte excessivamente para os prazeres e sem que, ao contrário, se imponha limitações exageradas à sua espontaneidade e gozo da vida.
O Ego ou o Eu é a consciência, pequena parte da vida psíquica, subtraída aos desejos do Id e à repressão do Superego. Obedece ao principio da realidade, ou seja, á necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer ao Id sem transgredir as exigências do Superego.
É parte perceptiva e a inteligência que deve, no adulto normal, conduzir todo o comportamento e satisfazer simultaneamente as exigências do Id e do Superego através de compromissos entre essas duas partes, sem que a pessoa se volte excessivamente para os prazeres e sem que, ao contrário, se imponha limitações exageradas à sua espontaneidade e gozo da vida.
O Ego é pressionado pelos desejos insaciáveis do Id, a severidade repressiva do Superego e os perigos do mundo exterior. Se submete ao Id, torna-se imoral e destrutivo; se submete-se ao Superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; se não se submeter á realidade do mundo, será destruído por ele. Por esse motivo, a forma fundamental da existência para o Ego é a angústia existencial. Estamos divididos entre o principio do prazer (que não conhece limites) e o principio de realidade (que nos impõe limites externos e internos). Tem a dupla função de, ao mesmo tempo, recalcar o Id, satisfazendo o Superego, e satisfazer o Id, limitando o poderio do Superego. No indivíduo normal, essa dupla função é cumprida a contento. Nos neuróticos e psicóticos o Ego sucumbe, seja porque o Id ou o Superego são excessivamente fortes, seja porque o Ego é excessivamente fraco.

Superego - que é gradualmente formado no "Ego", e se comporta como um vigilante moral. Contem os valores morais e atua como juiz moral. É a parte irascível da alma, a que correspondem os "vigilantes", na teoria platônica.
O Superego, também inconsciente, faz a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura proíbem ao Id, impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente seus instintos e desejos. É o órgão da repressão, particularmente a repressão sexual. Manifesta-se á consciência indiretamente, sob a forma da moral, como um conjunto de interdições e de deveres, e por meio da educação, pela produção da imagem do "Eu ideal", isto é, da pessoa moral, boa e virtuosa. O Superego ou censura desenvolve-se em um período que Freud designa como período de latência, situado entre os 6 ou 7 anos e o inicio da puberdade ou adolescência. Nesse período, forma-se nossa personalidade moral e social (1923 "O Ego e o Id").

Fases do desenvolvimento sexual.

Freud descobriu as fases da sexualidade humana que se diferenciam pelos órgãos que sentira prazer e pelos objetos ou seres que dão prazer. Essas fases se desenvolvera entre os primeiros meses de vida e os 5 ou 6 anos, ligadas ao desenvolvimento do Id:

1.
A fase oral, quando o desejo e o prazer localizam-se primordialmente na boca e na ingestão de alimentos e o seio materno, a mamadeira, a chupeta, os dedos são objetos do prazer;
2.
A fase anal, quando o desejo e o prazer se localizam primordialmente nas exercesse e as fezes, brincar com massas e com tintas, amassar barro ou argila, comer coisas cremosas, sujar-se são os objetos do prazer;
3.
A fase fálica, quando o desejo e o prazer se localizam primordialmente nos órgãos genitais e nas partes do corpo que excitam tais órgãos. Nessa fase, para os meninos, a mãe é o objeto do desejo e do prazer; para as meninas, o pai.
4.
A fase de latência, quando a criança está em processo de aquisição de habilidades, valores morais e papeis culturalmente aceitos, transferindo assim o impulso sexual para um segundo plano, devido à prática de outras atividades – a leitura, a escrita, atividades artísticas; enfim, é o período escolar, onde o impulso sexual é impedido de se manifestar devido aos papeis morais impostos pela educação.
5.
A fase genital, quando o indivíduo domina todas as suas pulsões parciais pela genitalidade, seja com fins orgásticos, seja com fins de procriação.


A psicanálise e a Educação

Ao tratar sobe o tema da sexualidade infantil, Freud defende que as crianças devem receber uma educação sexual assim que demonstrar um interesse sobre tal assunto. Ao contrário do que muitos pais e educadores se comportam diante de tal situação, ou seja, tentar educar as crianças com certos mitos que reprimem ainda mais o interesse sobre a sexualidade infantil.
No entanto, é válido ressaltar que no momento em que os educadores ou os pais passam a lidar com esse tipo de situação diante de uma criança, fica muito difícil saber concretizar tal aprendizado, uma vez que, por não lembrarem de sua época de infância, logo, fica praticamente impossível visualizar as verdadeiras duvidas que a criança realmente tem. Nesse contexto, qualquer explicação que os educadores proporcionar a uma criança, não vai adiantar, uma vez que, muito do que fora explicado, nada iria servir para a mentalidade infantil se o seu inconsciente não se satisfazer com tais explicações. Justamente por isso que o próprio inconsciente da criança irá gerar as suas próprias explicações sobre a sexualidade.
Nessa perspectiva, os professores devem abordar o seu conhecimento, sem resumir-se a métodos pedagógicos, pois tais métodos trilham objetivos, resultados e metodologias, uniformizando assim o aprendizado e não respeitam as estruturas inconscientes do subjetivismo. O professor deve lidar com uma sala de aula, negando todo o seu papel repressor imposto culturalmente e aceitar que cada aluno irá digerir o conhecimento proporcionado por ele de uma maneira singular, ou seja o aluno só irá aprender o que lhe fazer realmente sentido, tendo em vista as suas necessidades psicológicas.
Enfim, o profissional da educação deve ser menos repressor e aceitar que ao atuar em uma sala de aula, ele vai está diante de diferentes subjetividades, logo, os seus resultados esperados, não será de maneira alguma uniformizado. Portanto, o papel de um professor orientado psicanaliticamente é orientar os seus alunos a se ocuparem em atividades intelectuais, estimulando assim, o próprio processo de sublimação.


Conclusão

A extraordinária popularidade da psicanálise poderá, talvez, ser explicada, em parte, pela sua ousada concepção da motivação humana, ao colocar o sexo, - objeto natural de interesse das pessoas e também sua principal fonte de felicidade -, como único e poderoso móvel do comportamento humano. A novidade foi recebida com divertido espanto e prazerosa excitação. Em que pese os detalhes picarescos de muitas narrativas clínicas, a abordagem do sexo sob um aspecto científico, em plena era vitoriana, representou uma sublimação, que permitiu que a sexualidade fosse, sem restrições morais, discutida em todos os ambientes, inclusive nos conventos. Essa permeabilidade subjetiva confundiu-se com profundidade científica, e a teoria foi levada à aplicação em todos os campos das relações sociais, nas artes, na educação, na religião, em análises biográficas, etc.
A Psicanálise é a ciência que estuda o inconsciente humano. Nesse contexto, o homem é manipulado pelo inconsciente, ou seja, as ações conscientes são guiadas pelo inconsciente. A grande descoberta da psicanálise se deu ao grande destaque sobre a questão da sexualidade como força central da vida.
Freud notou que na maioria dos pacientes que teve desde o início de sua prática clínica, os distúrbios e queixas de natureza hipocondríaca ou histérica, estavam relacionados a sentimentos reprimidos com origem em experiências sexuais perturbadoras. Assim ele formulou a hipótese de que a ansiedade que se manifestava nos sintomas era conseqüência da energia ligada à sexualidade; a energia reprimida tinha expressão nos vários sintomas que serviam como um mecanismo de defesa psicológica. Essa força, o instinto sexual, não se apresentava consciente devido à "repressão" tornada também inconsciente; Revelação da "repressão" inconsciente era obtida pelo método da livre associação (inspirado nos atos falhados ou sintomáticos, em substituição à hipnose) e interpretação dos sonhos (conteúdo manifesto e conteúdo latente).
A vida psíquica dá sentido e coloração afetivo-sexual a todos os objetos e a todas pessoas que nos rodeiam e entre os quais vivemos. Por isso, sem que saibamos por que desejamos e amamos certas coisas e pessoas odiamos e tememos outras. As coisas e os outros são investidos por nosso inconsciente com cargas afetivas de libido. É por esse motivo que certas coisas, certos sons, certas cores, certos animais, certas situações nos enchem de pavor, enquanto outras nos enchem de bem-estar, sem que o possamos explicar. A origem das simpatias e antipatias, amores e ódios, medos e prazeres estão totalmente ligados aos primeiros meses e anos de nossa vida, quando se formaram as primeiras relações afetivas entre a criança e o meio. Essa dimensão imaginária de nossa vida psíquica - substituições, sonhos, lapsos, atos falhos, prazer e desprazer com objetos e pessoas, medo ou bem-estar com objetos ou pessoas indica que os recursos inconscientes para surgir indiretamente á consciência possuem dois níveis: o nível do conteúdo manifesto (no sonho; a palavra esquecida e a pronunciada, no lapso, no ato falho) e o nível do conteúdo latente, que é o conteúdo inconsciente real e oculto (os desejos sexuais).
E justamente por não controlar as nossas manifestações provenientes da nossa inconsciência, que buscar um método que faça com que a psicanálise se torne uma ferramenta em prol à educação é ser contrário ao próprio dinamismo que a psicanálise busca explicar, nas ações dos homens.


Bibliografia
KUPFER, M.C. Freud e a Educação: o mestre do impossível. 3ª edição. São Paulo, Editora Scipione, 1997.
Textos:
PSICANÁLISE: SUA CONTRIBUIÇÃO À EDUCAÇÃO.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL: A TEORIA DE FREUD.

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Contribuição da Psicanálise Freudiana na Educação publicado 25/06/2009 por Wallace Melo Gonçalves Barbosa em http://www.webartigos.com

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